sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Drama e sonho ribeirinho | Carta Capital

Por Maria Emília Coelho*

“Saí sete horas. Quando foi três da tarde baixaram de voadeira com gasolina e tocaram fogo”. Três anos se passaram e dona Joana não esquece o dia 16 de dezembro de 2009. Pela manhã, foi despejada com o marido e o filho da terra onde morou por mais de 40 anos. Horas depois, soube que sua casa na comunidade Mato Azul havia sido incendiada. Hoje, a senhora de 58 anos não tem onde morar, vivendo de favor. “Quando acaba o movimento na dona Raimunda coloco a minha rede para dormir. Nos expulsaram, sem direito a nada”.

Dos mais de 700 ribeirinhos previstos, apenas cerca de 150 ribeirinhos comparecerem na entrega dos TAUS pela equipe da SPU. Fotos: Maria Emília Coelho

Joana da Silva Ferreira, “nascida e criada em Manicoré”, município do sul do Amazonas às margens do Rio Madeira, contou seu drama no último dia 9 de novembro durante um evento organizado pela Secretária do Patrimônio da União (SPU) para a entrega dos TAUS (Termo de Autorização de Uso Sustentável), o documento que regulariza a ocupação das populações que vivem nas várzeas das ilhas e rios federais na Amazônia – áreas pertencentes à União – há séculos.